domingo, 20 de dezembro de 2009

Nietzsche

" Ah miséria, estirpe de um dia, filha do acaso e da aflição, por que me constranges a te dizer o que é preferível não ouvires? A melhor coisa, não a podes alcançar: é não ter nascido, não ser, ser nada. A segunda melhor coisa para ti depois disso é - morrer logo."

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009


Clarice Lispector

É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Dom Quixote/II/XXXII

As repreensões santas e bem intencionadas requerem outras circunstâncias e pedem outros assuntos; pelo menos, o repreender-me em público e tão asperamente, excedeu todos os limites da censura cordata; porque às primeiras cabe melhor a brandura do que a aspereza; não me parece bem que, sem ter conhecimento do pecado que se repreende, se chame ao pecador, sem mais nem mais, mentecapto e tonto.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Clarice Lispector

Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes que aqui caleidoscopicamente registro .

domingo, 9 de agosto de 2009

O amor antigo

O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.

O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.

Se em toda parte o tempo desmoron
aaquilo que foi grande e deslumbrante,
o amor antigo, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.

Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Sangüíneo (N/Emotivo Ativo Primário)

Extrovertidos, sabem fazer observações exatas e revelam notável espírito prático. Gostam da sociedade e aí se mostram polidos, espirituosos, irônicos, cépticos. Sabem lidar com os homens e são hábeis diplomatas. Liberais e tolerantes em política, manifestam pouco respeito pelos grandes métodos e dão mais valor à experiência. Demonstram iniciativa e grande maleabilidade de espirito. Oportunistas. Valor dominante: o êxito social
Também chamados de REALISTAS
Além de Sangüíneos, podemos também denominá-los "realistas", o que traduz melhor o aspecto mais importante de seu caráter.É na ação quotidiana que o Sangüíneo melhor se revela. Seus objetivos são claros, adequados a seus meios. O que o tenta são sobretudo os resultados tangíveis e próximos. O Sangüíneo é hábil em utilizar as circunstâncias e as pessoas. O imprevisto não o desconcerta e ele possui a arte de encontrar os melhores meios para tirar proveito das situações. À essa diplomacia básica e à essa habilidade de manobras, o realista acrescenta um otimismo constante e um raro senso de oportunidade.Suas emoções são pouco profundas e ele atravessa com bom humor as vicissitudes da existência, como se pode ver nesta fórmula de Montesquieu:
"Desperto de manhã com uma alegria secreta, vejo a claridade com urna espécie de arrebatamento. Durante todo o decorrer do dia estou contente".
Em compensação, suas afeições são geralmente pouco profundas e ele tem dificuldade em recusar as oportunidades que a vida lhe oferece. O amor à vida com seus prazeres é mais forte. Provavelmente os realiatas estão entre as pessoas que menos sofrem pelo caminho da vida.Extrovertidos e alegres por natureza, precisarão algum dia, buscar em seu interior, as respostas para o sentido da vida, isto é, quando o entusiasmo pela vida o permitir...
Sua escolha indica que prevalece a zona mediana da letra. Quando esta zona se torna exagerada em dimensão, o escritor tende a se satisfazer com as suas aquisições na vida racional, social e consciente. Predominam o "sentir", os sentimentos Se a zona media for arredondada indica significativa interação de sentimentos, se nesta zona prevalecer uma letra angular teremos muita aderência aos fatos e também certa inflexibilidade. Os centros energéticos centrais (chacras do plexo solar e cardíaco) estão dando as cartas e os demais estão necessitando de ativação. A vida pode (ou deve?) ser levada com harmonia e equilíbrio em todas suas areas.
Sua personalidade é muito forte e predomina com facilidade sobre as demais. Sabe obter com facilidade o consenso dos outros às suas idéias e opiniões. Sua facilidade de impor seu poder é muito grande e natural, podendo se tornar indiferente aos conceito negativos que se façam a seu respeito. Gosta do confronto, da ação, do movimento e da contestação, da disputa. Nunca foge à luta e predomina também a impulsividade e o combate.
V. tende a abraçar o mundo - é como pessoa de braços abertos avançando para a frente - dependendo da inclinação - com maior ou menor expansão. Pode estar normalmente preocupado com aquilo que estarão fazendo para com o mundo. V. luta com ardor para conseguir seus objetivos e interage com firmeza em qualquer situação de confronto. Geralmente V. é pessoa extrovertida, socialmente consciente, e por vezes buscando status ou aprovação com implacável força de vontade

domingo, 19 de abril de 2009

rios sem discurso

Quando um rio corta, corta-se
de vezo discurso-rio de água que ele fazia;
cortado, a água se quebra em pedaços,
em poços de água, em água paralítica.
Em situação de poço, a água equivalea
uma palavra em situação dicionária:
isolada, estanque no poço dela mesma,
e porque assim estanque, estancada;
e mais: porque assim estancada, muda
e muda porque com nenhuma comunica,
porque cortou-se a sintaxe desse rio,
o fio de água por que ele discorria.
O curso de um rio, seu discurso-rio,
chega raramente a se reatar de vez;
um rio precisa de muito fio de água
para refazer o fio antigo que o fez.
Salvo a grandiloqüência de uma cheia
lhe impondo interina outra linguagem,
um rio precisa de muita água em fios
para que todos os poços se enfrasem:
se reatando, de um para outro poço,
em frases curtas, então frase e frase,
até a sentença-rio do discurso único
em que se tem voz a seca ele combate.


MELO NETO, João Cabral de. In: A educação pela pedra.

presságio

O AMOR, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
P'ra saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...


-Fernando Pessoa-

sexta-feira, 10 de abril de 2009

The Wast Land, T. S. Eliot

I. THE BURIAL OF THE DEAD

Abril é o mais cruel dos meses, germinaLilases da terra morta, misturaMemória e desejo, avivaAgônicas raízes com a chuva da primavera.O inverno nos agasalhava, envolvendoA terra em neve deslembrada, nutrindoCom secos tubérculos o que ainda restava de vida.O verão; nos surpreendeu, caindo do StarnbergerseeCom um aguaceiro. Paramos junto aos pórticosE ao sol caminhamos pelas aléias de Hofgarten,Tomamos café, e por uma hora conversamos.Big gar keine Russin, stamm' aus Litauen, echt deutsch.Quando éramos crianças, na casa do arquiduque,Meu primo, ele convidou-me a passear de trenó.E eu tive medo. Disse-me ele, Maria,Maria, agarra-te firme. E encosta abaixo deslizamos.Nas montanhas, lá, onde livre te sentes.Leio muito à noite, e viajo para o sul durante o inverno.
Que raízes são essas que se arraigam, que ramos se esgalhamNessa imundície pedregosa? Filho do homem,Não podes dizer, ou sequer estimas, porque apenas conhecesUm feixe de imagens fraturadas, batidas pelo sol,E as árvores mortas já não mais te abrigam, nem te consola o canto dos grilos,E nenhum rumor de água a latejar na pedra seca. ApenasUma sombra medra sob esta rocha escarlate.(Chega-te à sombra desta rocha escarlate),E vou mostrar-te algo distintoDe tua sombra a caminhar atrás de ti quando amanheceOu de tua sombra vespertina ao teu encontro se elevando;Vou revelar-te o que é o medo num punhado de pó.
Frisch weht er WindDer Heimat zuMein Irisch Kind,Wo weilest du?
''Um ano faz agora que os primeiros jacintos me deste; Chamavam-me a menina dos jacintos."- Mas ao voltarmos, tarde, do Jardim dos Jacintos,Teus braços cheios de jacintos e teus cabelos úmidos, não pudeFalar, e meus olhos se enevoaram, eu não sabiaSe vivo ou morto estava, e tudo ignoravaPerplexo ante o coração da luz, o silêncio.Oed' und leer das Meer.
Madame Sosostris, célebre vidente,Contraiu incurável resfriado; ainda assim,É conhecida como a mulher mais sábia da Europa,Com seu trêfego baralho. Esta aqui, disse ela,É tua carta, a do Marinheiro Fenício Afogado.(Estas são as pérolas que foram seus olhos. Olha!)Eis aqui Beladona, a Madona dos Rochedos,A Senhora das Situações.Aqui está o homem dos três bastões, e aqui a Roda da Fortuna,E aqui se vê o mercador zarolho, e esta carta,Que em branco vês, é algo que ele às costas leva,Mas que a mim proibiram-me de ver. Não achoO Enforcado. Receia morte por água.Vejo multidões que em círculos perambulam.Obrigada. Se encontrares, querido, a Senhora Equitone,Diz-lhe que eu mesma lhe entrego o horóscopo:Todo o cuidado é pouco nestes dias.
Cidade irreal,Sob a fulva neblina de uma aurora de inverno,Fluía a multidão pela Ponte de Londres, eram tantos,Jamais pensei que a morte a tantos destruíra.Breves e entrecortados, os suspiros exalavam,E cada homem fincava o olhar adiante de seus pés.Galgava a colina e percorria a King William Street,Até onde Saint Mary Woolnoth marcava as horasCom um dobre surdo ao fim da nona badalada.Vi alguém que conhecia, e o fiz parar, aos gritos: "Stetson,Tu que estiveste comigo nas galeras de Mylae!O cadáver que plantaste ano passado em teu jardimJá começou a brotar? Dará flores este ano?Ou foi a imprevista geada que o perturbou em seu leito?Conserva o Cão à distância, esse amigo do homem,Ou ele virá com suas unhas outra vez desenterrá-lo!Tu! Hypocrite lecteur! - mon semblable -, mon frère

enfim...II

superei o que eu julgava ser insuperável


posso dizer só agora: não o amo mais!

domingo, 5 de abril de 2009

enfim...


Tímida, simpática, crítica, perfeccionista, orgulhosa, calma, irônica, extrovertida, compulsiva, chata, porém com bons sentimentos... Deus, família, poucos e verdadeiros amigos, cachorros, papagaio, fotos, toques, msn, inteligência, atenção, cumplicidade, consideração, saudade, fidelidade, chocolate, pizza, sorvete, bolero de ravel, preto, branco e azul, Grêmio, vestido, rímel, havaianas, mãos dadas, música, violino, livros, quarto, silêncio, madrugada, frio, abril, outono, caminhar acompanhada, caminhar sozinha, dormir e algo mais…

terça-feira, 24 de março de 2009

eu não sou legal

as vezes eu tenho medo de mim.
medo das coisas que faço,
medo das coisas que falo,
sem ao menos pensar nas consequências.
não sou nem nunca fui uma inconsequente
que sai fazendo ou
que sai falando
sem ao menos pensar nas consequências.
tenho medo de mim as vezes.